“Duas gerações contemporâneas na Casa dos Bacharéis“
Habitar – Mote e método
A casa – enquanto estrutura física e síntese de elementos simbólicos – impõe-se no horizonte da investigação em Antropologia desde os primeiros momentos da disciplina: na obra de 1877 “A Sociedade Primitiva”, Lewis Henry Morgan irá selar uma relação capital e indelével de cocriação entre “arquitetura da habitação”, a “forma da família” e o “plano de vida doméstica”.
Numa primeira abordagem, temos que a casa é o elemento físico ou o sustentáculo do lar, o abrigo artificial para pessoas e seus valores materiais e imateriais, em relação com outras estruturas físicas dotadas de coercividade social, como as ruas, os bairros, os sistemas de comunicação; numa interpelação posterior, temos a casa como instituição social plurifuncional regida por normas e códigos específicos, entidade viva que coloca em negociação permanente conceitos como interior / exterior, pertença / não-pertença, Eu / Outro, indivíduo / comunidade, natural / artificial, etc. Assim, pode afirmar-se que o estudo da casa é também o estudo da ecologia, do parentesco, da lei, da política e da moral, da religião e do mito, do que cabe e do que nunca terá cabimento.
No sentido de fazer justiça à complexidade conceptual da casa e das circunstâncias do habitar, à luz da investigação etnográfica e da produção teórica em Antropologia mas, igualmente (ou sobretudo), em respeito ao alto critério que norteou os projectos de investigação histórica – a cargo do Historiador Francisco Queiroz, reabilitação e concepção arquitectónica e funcional da Bacharéis Charming House – pela Arquitecta Alane de Holanda, auscultaram-se os testemunhos e memórias das pessoas que mais recentemente ocuparam a Casa dos Bacharéis.
O nosso trabalho consistiu na recolha de Histórias de Família.
Cliente: Bacharéis Charming House, Figueira da Foz, 2022
Imagens: Salmão – Design e Multimédia